quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Passado, Presente e Futuro



Já dizia a minha avó: “Não podemos mudar o passado, só nos resta viver o presente e esperar pelo futuro”. Se quando criança eu escutava isso admirada – e um pouco assustada-, hoje eu penso que na verdade, isso é relativo. O hoje é o passado de amanhã e o nosso presente. Temos assim, de certa forma, o passado em nossas mãos. Mas se isso fosse levado em conta, haveria bem menos arrependimentos nas pessoas. Quantas lembranças de péssimos dias temos? E analisando, quanto poderíamos ter feito para ao menos, amenizar isso? Em uma palavra? Muito.

Perdemos tempo pensando o que poderíamos ter feito para mudar alguma coisa e com isso criamos um circulo vicioso. Deixamos de prestar atenção no nosso presente, deixamos de tornar o dia de hoje especial, perdemos a chance de criar uma boa lembrança para o Futuro. Lançando mão de um ditado conhecido, “Não deixe para amanhã o que se pode fazer hoje”, eu digo: “Não deixe para amargar o passado, se você pode fazê-lo hoje”

Realmente, não podemos deixar para amanhã as coisas de hoje. Se não, quando nos dermos conta, elas serão apenas mais arrependimentos para o Futuro. Tudo é tempo, somos feitos de tempo. Temos tempo de vida; de felicidade; de tristeza. Há tempo para chorar, para se curar; para aprender; esquecer. Arranje tempo para cantar, para conversar. Crie um dia bom com a sua mãe, com o seu pai, fale do tempo com o seu irmão. Tenha coragem para dizer que ama aquela pessoa, tanto você quanto ela, se lembrarão disso. Leia um livro e veja um filme. Se há tempo para cumprimentar o vizinho, por que não fazê-lo? Pense que amanhã ele pode ser seu chefe e vai lembrar que no passado, você o ignorava. Tenha um bichinho de estimação – acredite, você se lembrará rindo de quando ele destruiu o seu sapato mais caro.

Dias ruins são inevitáveis, mas passamos por eles com a certeza de logo serão apenas, passado. E mais do que tudo, não podemos esquecer de aprender com aquilo que já vivemos. Situações se repetem, as ações podem ser diferentes. Já aprendemos que “não adianta chorar pelo leite derramado”, sendo assim, tenhamos mais cuidado ao tirá-lo da geladeira.

Preocupação com o futuro é valida, mas não podemos permitir que isso nos tome por completo, ou ficaremos sem passado.

Anestesia




Sabe aqueles momentos tristes, em que estamos realmente para baixo ou extremamente irritados, magoados? Em que tentamos desesperadamente e inutilmente fugir da dor, que tal situação ou palavras nos causaram? Tentamos desviar nosso foco, prender nossa atenção em outra coisa. Quer um bom exemplo? Experimenta estar puta da vida ou se sentindo traída e pega um vídeo game de tiro (resident evil), não há nada mais terapêutico, ao meu ver, do que estourar cabeça de zombie. Outras pessoas extravasam escrevendo musicas; poesias; fazendo exercícios; dançando que nem doidos em uma boa festa ou o clássico: se afogando em um bom e acolhedor copo de vodka (esse último tem efeitos colaterais bem pesados, então não reclame se acordar ao lado de um estranho ou até do mendigo da esquina).

O ponto é: tentamos fugir, aplicar nossas energias e transferir nossos sentimentos para o que quer que estejamos fazendo. O efeito ás vezes é imediato, nos alivia tirando até um peso do peito,
como uma anestesia. O problema é que ás vezes a dor volta ,quando não, ainda restam as cicatrizes, ás vezes profundas ou bem superficiais para os sortudos. Mas sempre sabemos que elas estão lá, marcadas, entranhadas em nós... ou quem um dia existiu.

Não importam os anestésicos que usamos ou a tentativa
para esquecer. O jeito é seguirmos em frente, na tentativa de nos tornarmos fortes ou pelo menos fortes o suficiente para lembrarmos sem sentirmos dor.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Veríssimo




Gosto muito do Veríssimo. Gosto do jeito que ele usa as palavras, dos vários sentido que ele emprega. A maneira solta que trata de assuntos cotidianos e importantes... as criticas ironizadas. É sempre um leitura agradavél e eu sempre me pego pensando em várias coisas.

Quem nunca ouviu a expressão: " O que é um peido pra quem ta cagado?". Pois é... Vamos ao fatidico dia.



Um dia de MERDA!

Por: Luiz Fernando Veríssimo


Aeroporto Santos Dumont, 15:30 . Senti um pequeno mal estar causado por uma cólica intestinal, mas nada que uma urinada ou uma barrigada não aliviasse Mas, atrasado para chegar ao ônibus que me levaria para o Galeão, de onde partiria o vôo para Miami, resolvi segurar as pontas . Afinal de contas são só uns 15 minutos de busão. ” Chegando lá, tenho tempo de sobra para dar aquela mijadinha esperta, tranqüilo .” O avião só sairia as 16:30.

Entrando no ônibus, sem sanitários . Senti a primeira contração e tomei consciência de que minha gravidez fecal chegara ao nono mês e que faria um parto de cócoras assim que entrasse no banheiro do aeroporto. Virei para o meu amigo que me acompanhava e, sutil, falei: “Cara, mal posso esperar para chegar na merda do aeroporto porque preciso largar um barro”

Nesse momento, senti um urubu beliscando minha cueca, mas botei a força de vontade para trabalhar e segurei a onda . O ônibus nem tinha começado a andar quando, para meu desespero, uma voz disse pelo alto falante:

“Senhoras e senhores, nossa viagem entre os dois aeroportos levará em torno de 1 hora, devido à obras na pista .” Aí o urubu ficou maluco querendo sair a qualquer custo. Fiz um esforço hercúleo para segurar o trem merda que estava para chegar na estação ânus a qualquer momento. Suava em bicas. Meu amigo percebeu e, como bom amigo que era, aproveitou para tirar um sarro. O alívio provisório veio em forma de bolhas estomacais, indicando que pelo menos por enquanto as coisas tinham se acomodado. Tentava me distrair vendo TV mas só conseguia pensar em um banheiro, não com uma privada, mas com um vaso sanitário tão branco e tão limpo que alguém poderia botar seu almoço nele . E o papel higiênico então: branco e macio, com textura e perfume e, ops, senti um volume almofadado entre meu traseiro e o assento do ônibus e percebi, consternado, que havia cagado .

Um cocô sólido e comprido daqueles que dão orgulho de pai ao seu autor. Daqueles que da vontade de ligar pros amigos e parentes e convidá-los a apreciar na privada . Tão perfeita obra, dava pra expor em uma bienal .

Mas sem dúvida, a situação tava tensa . Olhei para o meu amigo, procurando um pouco de solidariedade, e confessei sério : ” Cara, caguei.” Quando meu amigo parou de rir, uns cinco minutos depois, aconselhou – me a relaxar, pois agora estava tudo sob controle . ” Que se dane, me limpo no aeroporto ” – pensei . “Pior que isso não fico .” Mal o ônibus entrou em movimento, a cólica recomeçou forte . Arregalei os olhos, segurei-me na cadeira mas não pude evitar, e sem muita cerimônia ou anunciação, veio a segunda leva de merda . Desta vez, como uma pasta morna.

Foi merda para tudo que e lado, borrando, esquentando e melando a bunda, cueca, barra da camisa, pernas, panturrilha, calças, meias e pés . E mais uma cólica anunciando mais merda, agora líquida, das que queimam o fiofó do freguês ao sair rumo a liberdade . E depois um peido tipo bufa, que eu nem tentei segurar, afinal de contas o que era um peidinho para quem já estava todo cagado . Já o peido seguinte, foi do tipo que pesa . E me caguei pela quarta vez .

Lembrei de um amigo que certa vez estava com tanta caganeira que resolveu botar modess na cueca , mas colocou as linhas adesivas viradas para cima e quando foi tirá-lo levou metade dos pelos do rabo junto . Mas era tarde demais para tal artifício absorvente . Tinha menstruado tanta merda que nem uma bomba de cisterna poderia me ajudar a limpar a sujeirada .

Finalmente cheguei ao aeroporto e saindo apressado com passos curtinhos, supliquei ao meu amigo que apanhasse minha mala no bagageiro do ônibus e a levasse ao sanitário do aeroporto para que eu pudesse trocar de roupas.

Corri ao banheiro e entrando de boxe em boxe, constatei a falta de papel higiênico em todos os cinco . Olhei para cima e blasfemei: “Agora chega, né ?” Entrei no último, sem papel mesmo, e tirei a roupa toda para analisar minha situação (que conclui como sendo o fundo do poço ) e esperar pela minha salvação, com roupas limpinhas e cheirosinhas e com ela uma lufada de dignidade no meu dia .

Meu amigo entrou no banheiro com pressa, tinha feito o ” check-in ” e ia correndo tentar segurar o vôo . Jogou por cima do boxe o cartão de embarque e uma maleta de mão e saiu antes de qualquer protesto de minha parte . Ele tinha despachado a mala com roupas . Na mala de mão só tinha um pulôver de gola “V”. A temperatura em Miami era de aproximadamente 35 graus .

Desesperado comecei a analisar quais de minhas roupas seriam, de algum modo, aproveitáveis . Minha cueca , joguei no lixo . A camisa era história . As calças estavam deploráveis e assim como minhas meias, mudaram de cor tingidas pela merda . Meus sapatos estavam nota 3, numa escala de 1 a 10

Teria que improvisar . A invenção é mãe da necessidade, então transformei uma simples privada em uma magnifica máquina de lavar . Virei a calça do lado avesso, segurei-a pela barra, e mergulhei a parte atingida na água..

Comecei a dar descarga até que o grosso da merda se desprendeu . Estava pronto para embarcar . Saí do banheiro e atravessei o aeroporto em direção ao portão de embarque trajando sapatos sem meias, as calcas do lado avesso e molhadas da cintura ao joelho (não exatamente limpas) e o pulôver gola “V”, sem camisa . Mas caminhava com a dignidade de um lorde.

Embarquei no avião, onde todos os passageiros estavam esperando ” O RAPAZ QUE ESTAVA NO BANHEIRO” e atravessei todo o corredor até o meu assento, ao lado do meu amigo que sorria . A aeromoça aproximou-se e perguntou se precisava de algo . Eu cheguei a pensar em pedir 120 toalhinhas perfumadas para disfarçar o cheiro de fossa transbordante e uma gilete para cortar os pulsos, mas decidi não pedir: ” Nada , obrigado . Eu só queria esquecer este dia de merda !!! “

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O Universo Otaku




Não sei falar de coisas sérias, alias, até sei, mas... evito sabe? Dói a cabeça e minha gastrite começa a reclamar.

Enfim, gastarei as linhas que me foram dadas para comentar sobre uma coisa mais “light” e jogo a bomba que é filosofar sobre a vida, para as outras autoras desse nosso cantinho ^^

Animes \o/

Para grande parte da população mundial (sim, pois otakus e otomes estão em extinção) esses “desenhos” são só um jeito de passar o tempo, coisa de criança, maluquice e outras coisas mais... Para nós, Otakus e Otomes apaixonados por este estilo de vida, uma verdadeira religião! Um modo de vida agitado, regrado e um tanto quanto sacrificado... Afinal de contas, guardar centavo por centavo pra comprar um mangá ou uma Neotokyo merece a admiração total de todos! Isso sem contar as maluquices que fazemos para “bancar” a entrada ou a caravana rumo a todos os eventos que ocorrem no ano. Quantas vezes em filas de eventos, já ajudei garotinhos e garotinhas desesperados porque foram pra porta sem o dinheiro e a certeza de que conseguiriam entrar! Atitude idiota para alguns, já a meu ver, algo que merece palmas...

Além da correria do dia a dia e os esforços que todos os fãs de anime passam a luta contra o preconceito também merece destaque... Muitos enfrentam a zuação das pessoas e além disso, até violência física.Não,não é exagero,já ouvi casos aqui em São Paulo em que um grupo de otakus foi atacado,assaltado e espancado sem motivo algum,apenas por serem “estranhos”.Claro que não é todo dia que isso acontece (ou é divulgado) mas mesmo assim é revoltante e uma prova de que o preconceito já é algo que atinge todo e qualquer tipo de pessoa,até as mais “bobas” ou afastadas de tudo ‘-‘

Maaas... deixando de lado essa parte, pois não é hoje que vou falar sobre coisas ruins nem filosofar sobre a violência/preconceito existente no mundo,dou destaque a mais uma coisa ensinada nos animes: Lições de vida.

Perâe... você deve estar se perguntando “Que raios essa maluca ta falando? Desde quando aqueles desenhos ensinam algo?”. Pois é companheiro, não sou maluca e muito menos mentirosa,ao contrario do que pensam,existe todo um lado filosófico por trás de cada desenho, um drama, crise de identidade, problemas com a família, dependência química ou psicológica (será esse o termo correto? não sei e peço perdão se estiver errada) e outras tantas coisas mas, o jeito que a trama se desenvolve e a forma como o sofrimento e a busca pela “cura” é tratado é grande diferencial do anime para o desenho animado. Posso até dizer que já assiste animes em que vi a vida de pessoas próximas retratadas e aprendi a usar isso no dia a dia, e asseguro que não é difícil! Afinal de contas tudo que vimos na televisão queremos copiar não?Pois então companheiro, nesse caso não é diferente!

O que quero dizer “por cima” é que o mais fascinante nesse mundinho em que nós otakus vivemos, é o modo como podemos aprender com coisas que no dia a dia passam despercebidas,provar que o ser humano pode ser extremamente pão duro mas no momento seguinte totalmente “mão aberta” (engraçado que o dinheiro levado pra eventos nunca dá, sempre acaba rápido antes que dê pra comprar tudo que queremos) e além disso,feliz e consciente!\o/

Não somos infantis nem fugimos da realidade, apenas encontramos um jeito mais fácil e divertido de encarar as coisas...




(O video foi sugestão da Sophie... Ela já até decorou a música e segundo ela, é mó fofura)

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Medo.





"Todos nós vivemos devorados pela necessidade de ser amados, mas temos medo da insegurança de amar." ( Autor Desconhecido )



Medo de altura, medo do escuro, da água... Medo de andar de moto, de viajar de avião. Não!

Medo da mente, das pessoas... da mente da pessoas. Dos seus desejos, das suas vontades, das suas ambições.

Medo de sair na rua de noite, no escuro, medo do que aquela pessoa que te olha estranho, – aquela parada no meio do beco- pode estar pensando. Do que o seu chefe vai pedir quando te chama na sala dele e fecha a persiana. De abrir as contas no final do mês e em seguida olhar o contracheque. De ler sem querer os e-mails do seu filho e descobrir que ele é gay, de atender uma ligação do seu marido e escutar a voz da sua amante.

medo...medo...medo...medo.

É fácil de entender, é fácil de sentir.

Medo de sentir medo. De ser fraco, de não agüentar. Medo de não ser o suficiente praquela pessoa ... De desapontar, de machucar. Medo dos próprios desejos, das próprias reações. De se dar conta do quão simples algumas coisas são, de admitir que outras são mais graves do que julgamos.

Eu tenho medo do desapego. Tenho medo do fim da esperança, e acima de tudo: um medo terrível de que no final... só reste o medo.

Ênfase: Pavor...



“Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz.” (Platão)



One-Shot


REENCONTRO

por: Sophie E. Zordic


Olhava para o visor do celular com um misto de frustração e irritação, eram 17h40. Havíamos marcado às 15h30... Tudo bem que Melissa havia chegado de viagem ontem à noite, depois de sete anos fora do país. Mas sinceramente, me deixar plantada esperando e nem ao menos ligar avisando que não vinha, era o cumulo.

Respirei fundo e me levantei da cadeira. Sai do restaurante ainda irritada e andando rápido. Confesso que cheguei a cogitar a idéia de aparecer em uma visita surpresa na casa dela, mas apaguei rapidamente. Não ia aparecer assim do nada, não tinha nem ao menos cara para aparecer assim do nada! Entrei no meu carro e fui direito para casa. Ela poderia ter dormido, afinal, a viagem deve ter sido cansativa e se ela continuasse como eu lembrava, ainda seria a mesma atrapalhada e desconexa de sempre.

Pensar nisso me lembrou os velhos tempos... Um sorriso meio triste aflorou na minha face, mas rapidamente os desfiz. Não ia ficar me lembrando, não agora... Respirei fundo e liguei o som do carro, ao menos ia espantar meus pensamentos.

Cheguei em casa e tomei um banho bem demorado. Adiantei uma parte de um relatório e fui me deitar, não havia dormido muito bem noite passada, isso se devia a apreensão do reencontro depois de tanto tempo. Alguns minutos depois, cai no sono.

Escutei o barulho irritante de celular tocando... Tateei com a mão pela cama até achar o aparelho. Nem vi de quem era a ligação, somente atendi.

- Alo!. – Disse com o tom de voz irritado.

-Alo, dri... Adriana? sou eu, a Melissa. Você está ocupada? Te atrapalhei?

-Não... imagina... Não estava fazendo nada demais... Só dormindo.

-Dri... desculpa! Desculpa mesmo, eu acabei dormindo de tarde. Perdi a noção do tempo... fuso horário. – justificou. -E pra variar... guardei meu celular no frigobar...

Não aguentei e ri com essa. Era bem do feitio dela esse tipo de asneira.

-Tudo bem. Que horas são?

-Dez pras nove...

-Me ligou só pra pedir desculpas?

-Não é que... -respirou fundo. - Preciso te ver Adriana. Você pode vir aqui?

-Posso. Que horas?

-Agora.

-Agora?

-É... agora!

-Tudo bem... Já to indo.

Desliguei o telefone e fui me arrumar. Sai de casa e peguei meu carro. Já sabia qual seria o assunto... o inevitável. Tentei me manter a calma, mas pelo percurso inteiro as lembranças inundaram a minha mente que nem uma enxurrada.


*anos atrás*

Voltava para casa com Melissa do meu lado. Ambas estávamos caladas. Um silêncio sepulcral se instalou no carro. Meu mundo tinha desabado alguns minutos atrás, a pessoa que caminhava do meu lado, minha amiga e companheira desde a infância, aquela com quem dividia meus segredos, meus momentos de felicidade. Aquela com quem chorava nos momentos difíceis, acabara de me dizer que iria embora do pais em questão de semanas, para morar e estudar com a tia. Uma indignação tomou conta de mim.. Queria perguntar o motivo dela só me falar aquilo naquele momento. Queria pedir, implorar pra ela ficar. Queria acreditar que aquilo era alguma piada, mas Mel não brincava assim. Passamos o percurso inteiro mudas, sem conseguirmos proferir nenhuma palavra. Quando parei na porta de sua casa, a ouvi murmurar um “tchau” e sair. Tive certeza de que vi algumas lágrimas rolando dos olhos dela e por alguns segundos, quis ir atrás dela. Mas não me movi.

As duas semanas seguintes passaram rápido. Nos falávamos muito superficialmente. Nossos amigos ficaram sabendo da mudança e decidiram fazer uma festa despedida. Mel tentou falar comigo, mas eu sempre arranjava um jeito de fugir... Conversar com ela seria o mesmo que encarar a verdade. Aquela garota que eu amava tanto, que sempre esteve ao meu lado, ia embora, sem mais nem menos.

Os dias se passaram, e as tentativas desesperadas de Melissa de tentar falar comigo aumentaram. Quando o dia da festa chegou, eu já estava me preparando para sair, quando Mel entrou no meu quarto sem cerimônia e trancou a porta, fiquei parada. Surpresa.

-Pronto! Agora você não foge mais, não é Adriana?

- O quê?

-Não se faz de idiota! Passou todos esses dias fugindo de mim que nem um rato.

-Imaginação sua Mel. Bem... pode destrancar a porta? Precisamos ir pra sua festa de... - o despedida ficou engasgado na minha garganta. - Meus pais tão esperando...

-Não. Eu disse para eles irem na frente, que nos iríamos logo em seguida.

-O quê? -fiquei branca. - Po...por quê? E por que trancou a porta?

-Porque quero e preciso falar com você. Tranquei para você não tentar fugir.

Sentei na cama, bem séria. Ajeitei meu vestido e fiquei encarando ela.

-Ótimo to aqui, então fala de uma vez.

Ela respirou fundo antes de começar a falar.

-Olha, eu sei que você ta chateada comigo -veio andando na minha direção.- tem todo direito... eu deveria ter te falado antes, mas tenta entender. Eu tava confusa por uma série de coisas, fiquei com medo, Adriana. Eu não pude dizer não! -ela se ajoelhou na minha frente com algumas lágrimas rolando pelo rosto - minha vontade não foi levada em conta... –ela respirou fundo. – mas não era isso que eu queria te falar, preciso te dizer algo antes de ir...

Mel me encarou séria, de uma maneira que raramente me olhava. E de um modo muito diferente... aquilo me arrepiou da cabeça aos pés. Prendi o fôlego, ela aproximou o rosto do meu e me beijou. Simplesmente não resisti, foi algo natural, como se aqueles lábios me pertencessem desde o inicio, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo a se fazer. O beijo passou de terno e doce para explorador. Mel foi se inclinando até me fazer deitar na cama... me olhou bem no fundo dos meus olhos, entendi no mesmo instante, ela já vinha guardando aquele desejo por mim a muito tempo, reprimindo a muito tempo. Algo explodiu em mim, não pensei muito, minha atenção, meus sentidos tudo foi se concentrar nas três palavras sussurradas em meu ouvido: “eu te amo”. Minha entrega foi imediata, meu corpo, minha mente, tudo ansiava por ela.

Naquela noite eu descobri uma Melissa completamente nova. Descobri um lado dela que ela tinha ocultado... me descobri cheias de desejos, pensamentos, sensações, descobri um sentimento em mim que sempre havia ignorado, descobri que a amava, mais e mais.

Alguns dias depois ela foi embora....






As lembranças me tomaram por completo. Já estava no elevador. Logo eu que era tão calma, me encontrava em um estado de apreensão e nervosismo terrível. Depois de tantos anos... Respirei fundo e bati na porta. Passado alguns segundos ela abriu...



(todas as personagens são fictícias e de criação da autora. Qualquer semelhança é mera coincidência .)

Um pouco mais sobre quem escreve aqui



*Sophie E. Zordic.

"Somente quando alguém diz que nos ama, é que conseguimos começar a nos amar também. Quando alguém nos aceita como somos. Quando nos olham com respeito. É aí que aprendemos a gostar de nós mesmos. Quando aprendemos a nos perdoar” (Furuba)

Cabeça de cientista, alma de artista. Na eterna busca pelo conhecimento. Futura psicanalista. Deseja desvendar as mentes dos seriais killers. Sonha em morar em um local mais frio. Fã de mangá, de fruts basket. Leitora compulsiva e analítica. Gênio forte, legítima taurina. Filósofa nata e adora fazer uso de ironia.

Sempre disposta a ajudar os amigos. Adora gatos e torta de morango. Se faz de durona, mas derrete com pequenas coisas. Psicóloga de banheiro. A menina que abriria a caixa de pandora com uma expressão cínica no rosto

Escritora de talento e desenhista de mangá.

“Palavras nunca farão jus para descrever essa garota, simplesmente porque, a Sophie, é a Sophie. Incomparável” (Drey T.)



*Ratuh Tarantino

"Pra tudo na vida se dá um jeito" (dito popular)

Eterno espírito de criança feliz. Capaz de te arrancar um sorriso com a menor bobeira dita. Sempre disposta a ajudar, mesmo que seja enchendo a cara no boteco da esquina. Maníaca por mangá e otome de carteirinha. Adora games e imbatível jogando Resident Evil.

Futura oncologista, mas pretende salvar computadores fazendo segurança de redes.

Leva a ferro e fogo o lema de conquistar e distribuir o amor para muitos coraçõezinhos.

Escritora e amante de esportes. Palmeirense ferrenha.

A melhor irmã gêmea que alguém poderia ter encontrado.

“A Ratuh é muito mais do que aparenta, é muito mais do que demonstra. A sua força vem do coração, da alma... e é uma fonte inesgotável” (Drey T.)



*Drey Tarantino

“Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.”(Clarice Lispector)


Espírito livre, eterna sonhadora. Sagitariana com orgulho. Cabeça dura e marrenta. Amante da natureza e defensora do lema: “Viva e deixe viver”. Futura psicóloga e sonha em publicar um livro. Adora motos e não se importaria de quebrar ossos fazendo Cross. Se vicia fácil em uma leitura e esquece do mundo quando mergulha em um livro.

Escuta música quantas horas forem possíveis e de preferência em um volume além do aceitável.

Escritora na maior parte do tempo e desenhista nas horas vagas. Acha que um lápis 6B nas mãos faz toda a diferença.

Adepta do estilo alternativo de viver. Segue uma vida despadronizada e tenta ao máximo, fugir do senso comum.

“A Drey não tenta ser, ela é, plena e consciente... completa." (Sophie E. Zordic, Ratuh T.)




Três autoras, três mentes que de alguma forma, se encontraram no mundo. Em comum temos o amor pelas palavras, pela escrita. Temos sonhos parecidos e uma amizade sem fronteiras. Somos, em muitas horas, o apoio uma das outras. O blog é o nosso canto intimo, é a nossa história, são os nossos desejos inconfessáveis. A nossa batalha diária em busca de autoconhecimento, de auto-aceitação. A vitória contra os medos. A sede pelo aprendizado. A lógica sem lógica da mente humana em sua melhor forma: a insana.

Qualquer comentário, opinião é bem vinda. Desde que prevaleça o respeito.